Sunna:
Na mitologia, Sunna (também chamada de Sól) é filha de Mundilfæri, irmã de Máni (o deus-Lua) e casada com Glenr. Por vezes é citada como Álfröðull, “Roda-dos-Elfos”, revelando a sua forte ligação com estes seres de luz.
O Sol não foi representado especificamente de maneira antropomórfica nas culturas teutônicas, diferentemente de outros deuses. Tradicionalmente, ela foi simplesmente vista como o Sol no céu. Em geral discos, círculos concêntricos e espirais eram o que representavam a deusa. Sunna é caracterizada na arte moderna como uma mulher bonita com o cabelo dourado. Na maioria das línguas germânicas o Sol é uma palavra feminina (“a” Sol, como por ex. em alemão “die Sonne” ou islandês “Sólin”), enquanto a Lua é uma palavra masculina (“o” Lua, alemão: “der Mond”). Isso coloca-nos em evidência uma estreita relação da visão de mundo desses povos, tendo o Sol como mãe diurna, trazendo fertilidade e a Lua como pai, protetor noturno.
Foram encontradas relações com a deusa em inúmeras inscrições rupestres originárias da era Neolítica e da Idade do Bronze. Apesar da importância dos cultos e mitos solares nas antigas sociedades nórdicas, existem poucas referências sobre Sunna nos poemas e mitos mais recentes. Nas escavações de vários sítios na Alemanha foram encontrados símbolos solares gravados sobre estatuetas femininas, oriundas dos primeiros séculos d.C. Há indicações de que essas imagens – representando uma deusa solar – faziam parte das práticas domésticas das mulheres; figuras semelhantes foram achadas em pequenos altares, nas ruínas de residências e nos túmulos, comprovando a extensão desta veneração.
Símbolos relacionados à Sunna (e outras deusas solares correspondentes) foram encontrados em inúmeros lugares, da Islândia até a Itália e a Rússia, centenas de labirintos, com desenhos intrincados e associados com as danças na primavera. O cristianismo incorporou muitos dos desenhos e símbolos solares nas igrejas erguidas sobre os antigos locais sagrados pagãos. A teoria sobre a origem ártica desse ritual é apoiada pela reprodução do movimento do sol no céu nórdico pelo traçado do labirinto. Próximo ao Círculo Ártico o padrão anual do Sol é diferente, formando arcos que se expandem e criando um labirinto, como se fossem fiados pelo fuso dourado de Sunna. Acredita-se que os labirintos escandinavos foram construídos 6 mil anos atrás, pois o culto da deusa solar no extremo norte data da pré-história, conforme indicam as inscrições com motivos solares. Durante a Idade do Bronze, o ato de fiar tornou-se metáfora para a produção da luz pela deusa cósmica, e assim as antigas culturas começaram a reverenciar uma tecelã solar. Apesar disso, na literatura eddaica medieval, pouquíssimo sobre essa deusa foi relatado nos versos e textos. Com isso, o seu culto, que era muito importante, praticamente se perdeu. Em geral o que sabemos é que:
Sunna se apresentava envolta por uma luz dourada, cujos raios formavam seus cabelos; horas antes do sol nascer, ela ficava sentada sobre uma rocha e fiava ouro com seu fuso dourado.
Sunna tem uma carruagem, a qual é puxada por dois cavalos através do céu diurno. Segundo a Mitologia Nórdica, os nomes dos cavalos são Allsvin e Árvak, que significam “muito rápido” e “levantar cedo”. Sacos de ar imunizavam estes animais do calor intenso da deusa-astro. Para conduzir a carruagem, ela segurava um chicote e um escudo chamado Svalin (o esfriador), para proteger também a terra e os seres humanos do calor excessivo e destrutivo de sua luz. Sunna é então a representação divina do Sol, e ela assim foi muito amada pelos povos nórdicos como uma doadora de vida. Então é uma divindade com alguns laços agrícolas bastante poderosos. E isso faz sentido, pois sem a luz e a magia de Sunna, as plantações não floresceriam. Sunna protegia também os humanos das ações dos gigantes e dos anões e outras criaturas perigosas, petrificando-as com seu olhar.
A trajetória de Sunna era marcada por dois períodos: durante o dia ela conduzia sua carruagem dourada percorrendo e iluminando o céu, do leste para oeste. Quando anoitecia, ela mergulhava no mar ou na terra e assumia a direção de um barco puxado por um enorme peixe, iniciando um trajeto inverso, do oeste para o leste. No final da noite, antes do alvorecer, Sunna emergia lentamente do mar ou da terra, sentada novamente na sua carruagem dourada, com o seu brilho contido na alvorada. O lobo Sköll a seguia durante todo este trajeto, intentando engolir a deusa-Sol, e causando eclipses quando conseguia dar uma “mordida” na deusa.
Tido como o anúncio do Ragnarök, ela será vencida e devorada por Sköll (e seu irmão Máni por Hati), mas, antes de morrer dará à luz uma filha, que no alvorecer do Novo Mundo irá assumir sua missão e seu nome.
{Black Berserker}
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